quinta-feira, 31 de julho de 2025

Marés





(foto pessoal Guarapari ES)

É como uma tartaruga,  dá um passo de cada vez e só se sentir que é da Vontade Divina, sendo assim, enfrenta tubarão em alto mar,  sem medo.

Quando se decide, é com a certeza de que o Sagrado quis assim para ela, não retrocede, anda nem que seja devagar e sempre. Precisa de certeza Dele para caminhar. Não dá um passo, como um patriarca que parava e, enquanto a nuvem não andava, ele permanecia imóvel. 

Sua vida foi sempre de  mares revoltos e de enfrentar monstros não marinhos.

A vida emocional, por sua vez, é  cheia de surpresas.

Presta atenção ao seu redor, a si mesma também.

Reflete, profundamente, nas mudanças positivas ou negativas que aconteceram em sua vida É pela estabilidade, provada no contrário a tudo que gosta, em momentos.

É como um cágado, atravessa dificuldades mansamente.

Coisas colossais, monstruosas perseguem-na, constantemente, lhe tentando destruir sua paz.

Põe-se em guarda a ela mesma, ao casulo do seu casco .




quarta-feira, 30 de julho de 2025

Símbolo Imponente




(foto pessoal Guarapari ES)

Contempla admirada, medita embriagada, perplexa, imagina à sombra da barraca, num relax até divino  no mar sem ressaca. 

É bem fotografada, sorri, bem-amada. Êxtase puro o celeste no mar do Sudeste. Bailam ao vento soltos, cabelos e coração libertos. 

A barraca a espera no aconchego. Bela vaga vem e a libera para atenuar toda retaguarda. Uma vez benta pela água do mar sagrado, sente-se apaziguada. 

Símbolo da sua cidade, tem muito a ser apreciada. Marlim se exibe majestoso, verdade que é uma beldade. 

Quem lhe dera ser uma sereia, vive numa cidade que estonteia. 

Entre sentar-se na cadeira sob seu azulado guarda-sol, caminhar pelo calçadão, escolhe mais o andarilhar, mesmo amando apreciar, ambos alegram seu coração. 

Ela lê bem confortavelmente vendo sua bela paisagem. Tem como ficar ensimesmada ou até mesmo encurralada no visual da bonita miragem que deixa a apreciadora maleável?






terça-feira, 29 de julho de 2025

Doce Sonoridade

(foto pessoal)

Era adepta aos passeios vários pela cercania, contemplava os arredores belíssimos e repletos de alvíssaras. Tinha plena consciência de que, sem mais nem menos, poderia lhe transmitir um deslumbramento no observado com esmero.

Num determinado trecho do seu habitual percurso, havia um anteparo repleto de flores e folhagens inusitadas que lhe causavam grande contentamento quando por lá passava num lugar bem sossegado e até um pouco ermo, dum antigo hotel casino da sua cidade.

Ora era a divisória suporte para que alguma flor trepadeira pudesse se amparar e crescer livremente. Ora o  biombo, lá posto propositalmente, separava a casa do caseiro do lugar do jardim comum aos transeuntes.

Ela tirava várias fotografias de flores amarelas e brancas do lugar, outras vermelhas vivas. Algumas eram efêmeras e, por serem fugazes, ficavam à mercê da ocasião, podiam desaparecer de um dia para o outro.

Em suma, a proteção era eficaz em todos os sentidos, servia de chamativo a tal cerca rústica do lindo sítio entre o bosque e o mar.

Ela era tão feliz naquele lugar.





segunda-feira, 28 de julho de 2025

Amizade aos Viridários


(foto pessoal)

Era uma moça bem prendada, uma jardineira fiel ao seu jardim, cultivava flores como se estivesse diante de meninos pequenos que precisavam de toda atenção e carinho.

Nem um bichinho de jardim ela desprezava. 

Usava fertilizantes  naturais para o bom desenvolvimento das plantinhas, ela deixava as lesmas, joaninhas, caracóis, borboletas, em paz.

Era bem consciente de que os vergéis necessitavam de paciência de chinês, ou seja, agia com se fosse ela  mesma uma lerda, ia com calma, tirava folhinha por folhinha e deixava cada uma se desabrochar de acordo com seu ritmo, não se antecipava à ação da natureza tão bela e certeira.

Aprendera com a vida, passo a passo, que nem tudo que se quer se tem, ia com toda pacificidade, dia após dia. 

- Para que pressa se todos temos garantido o infinito um dia, pensava ela.

É a única coisa certa que se tem, o mais é calmaria de Jó ou de tartaruga, quiçá, refletia ela.

O que a encantava mesmo era despertar e contemplar uma florzinha nova se abrindo em seu jardim. Não tinha preço para ela, dava uma sensação de esperança de dias melhores na selva de pedra onde a humanidade habita.

Cada elemento da natureza tem uma função, respeitava a cada um com complacência.





domingo, 27 de julho de 2025

Uma Quaresmeira Inesquecível

(foto pessoal)

Foi infante contemplativa da natureza desde pequenina, perambulava pela  rua de chão de terra, à casa de sua estimada avó, tocava na plantinha com seu dedo, ela adormecia. 

Êxtase, diante da quaresmeira rosada puxando para o lilás. Uau!

Cria que a vida fosse assim bastante florida, no verde alentador.

Cresceu, percebeu não ser, embora um milagre guardado na esperança mantivesse sempre em seu coração.

Como se comportar doravante?

Esperançar é seu lema de vida, avançar! Eia, menina!


sábado, 26 de julho de 2025

Saudosa Morada

(foto pessoal)

Teve uma saudável infância feliz, como a toda infante condiz, com uma assistência e um doce colo de pai íntegro, sem dolo. 
Residência modesta bem ajeitada, no lugarejo da antiga baixada.
Devaneava com altaneiros castelos, tão puros eram suas utopias!
Vizinhança sem poder conviver, brincadeiras de roda no grande quintal da casa, com inúmeros primos visitando a brincar. Um alívio era cantar, bater palmas, coração em festa.
Era um doce lar, até um trágico fim. Lá, tinha também um grande jardim e um parque infantil.
Nele, esteve até seu translado, para longe se foi com o coração tão magoado.
Subiu morros, desceu escadas, seu amado pai ao lado, ela o acompanhava.  Doce lembrança, embarga o coração, chora ao escrever sua antiga emoção.
Tinha uma varanda, ela a encerava, deixava brilhando, como gostava, com escovão, mais tarde a enceradeira, tinha a vida como alvissareira.
Num tristonho e sofrido dia, tudo acabou, para atrás de si seu lar ficou. Não foi só ele, ela também foi abandonada, refém do nada.



quinta-feira, 24 de julho de 2025

Conexão Amorosa

(foto pessoal - tela em acrílico pintada pela autora)

Numa residência muito humilde, sem mobília, morava sua moradora com simplicidade, sem impedimento que obstruísse a possibilidade do entrosamento na tristeza.

Permanecia de humor inabalável na dor e na alegria.

Simpática com todos, sem nada  que tirasse sua paz de espírito,  repartia amor e nada de desavenças com ninguém.

A partir do modo de viver assumido, esvaziada de maldade, fazia aos seus vizinhos somente o bem sem discriminar a ninguém .

Não desunia, só enlaçava, amava e servia.





Sobrevoar

(foto pessoal)

Planejara uma viagem aérea a fim de visitar sua amada.

Comprou uma linda camélia com o pretexto de presenteá-la.

Pediu à atendente para fazer uma linda embalagem, num cesto bem rústico, encantadoramente bem trançado.

Não gostaria de cometer nenhuma asneira, planejava tudo com dedicação.

Enquanto o avião sobrevoava o mar, refletia sobre como se assemelhava a um feitiço o tanto que amava sua namorada.

Quando aterrissa no aeroporto, se depara com outro presente, que lhe sucinta sua atenção, uma elegante peça de tapeçaria. 

O material não era imprescindível, almejava mesmo era presentear o seu amor.




quarta-feira, 23 de julho de 2025

Memórias Seletas


(foto pessoal)

Uma vez que fosse, ela queria ter seu amado junto a ela, tendo o mar como testemunha, afastando de vez toda dor do seu coração enlutado. Sempre teve o desejo de fazer o seu amor felicíssimo.
A paixão deles foi interrompida pelo destino, restou-lhe as memórias seletas na liberdade do amor todo deles, com renúncias de eternidade vividas.




Firmeza não Equivocada

 

(foto pessoal Emboacica Anchieta ES)

Um casal gostava de passear diariamente, bem unidos de mãos dadas. Consórcio longo e não só de aparência como a maioria dos demais na contemporaneidade.
Eram raros amantes, como quase não se vê, até se estranha na rua quando os vemos.
Houvesse chuva ou sol, como não eram de açúcar, mesmo sendo meigos e doces, no calor ou no frio, lá estavam ressaltando o valor do amor legítimo. Um não abandonava o outro. 
Num belo dia, a garoa apertou muito e eles ficaram apreensivos com a rua que se alagava aceleradamente.
Andavam para cumprirem o percurso cotidiano e o chuvisqueiro, que se tornava bravo, inundava a redondeza.
Uma ideia iluminada acende a mente do senhor que propôs à sua amada esposa a irem a uma igreja próxima a fim de se refugiarem.
Assim fizeram, permaneceram na pacificação na capela do Santíssimo sem se aventurarem aos alagamentos pois a igreja estava no alto e nem sequer pegariam constipações. Na idade deles, todo cuidado com a saúde é conveniente.
Confiavam em Deus, foram salvos pela sua fé afincada, sem inadvertência.






terça-feira, 22 de julho de 2025

Princesa das Cerejeiras


(foto pessoal)

Resolveu passear um pouco na região serrana do seu Estado.
Na viagem, contemplou cenários inusitados aos seus olhos que haviam sido postos em clausura num período dificultoso.
Naquele dia, seu olhar foi desperto, teve sua alma lavada.
Apesar de já ter sido apresentada ao belo lugar, tudo lhe parecia novidade alvissareira.
Casebres, cercas vivas, jardins e flores por todo lado da região bela em seu exuberante panorama ao redor da Pedra Azul.
Todo o trajeto foi envolto em manacás floridos.
Ah! As lavandas eram um deslumbre numa excitação aos sentidos, dando à mulher uma coerência perfumada.
No vergel das delícias, suas sensações acordadas em toques de ternura, num dia inesquecível de alegrias múltiplas.
Até que, então, conheceu o Bosque das Cerejeiras.
Um frescor invadiu seu espírito, sentiu-se integrada com as rosadinhas vaporosas.
A cada fotografia tirada, inebriada ficava, transformava-se numa fugaz, não efêmera, manifestação primaveril em pleno inverno.
Na fundição rósea, no percorrer das alamedas iluminadas, ela sentia jorra de sua alma um estado de poesia viva, real, espontânea. efervescente, onde seu âmago ganhava fulgor e luz pacificadora.
Precisa-se de tão pouco para ela ser feliz e abençoada, sem intervenções de males externos e inoportunos.
Pensava, toda encantada, como uma princesa do Bosque das Cerejeiras.




domingo, 20 de julho de 2025

Vida Canina

 

(foto pessoal Anchieta ES)


Nem todos vivem uma vida de perro  de madame.
Tinha momentos de vira-latas quando vivia fases mais difíceis, uma doença que vinha sem aviso  prévio, por exemplo.
Se não fosse a paciência dos caninos a lhe ensinar a espera de um afago, de um telefonema, de um oi, como você  está? Um pratinho de comida pronto, bem quentinho, um préstimo em boa hora, uma injeção endovenosa de afago na alma, morreria à míngua como cães sem dono.
Era tempo de divisar os bichanos, aos montes, nos passeios ao ar livre e ter a mesma compaixão que gostaria que tivessem com ela e a diferenciam de cachorros abandonados, sem amor e  sem afeto. 
Nos momentos mais custosos onde nem tudo são flores, doava todo seu afago exequível sem balanças matemáticas.
Animais têm sensibilidade, têm coração, sejam racionais ou irracionais.
Você já viu um animal prantear ?
Ela sim.





Transparência Relacional



(foto pessoal Anchieta ES)

Em tempo de diástase pelo mundo, impelia mais do que nunca, retificar contatos reais, autênticos e virtuais, fictícios.
Muito à distância, com máscaras de toda espécie, se integrava aos relacionamentos por inteiro na suprema transparência.
O mundo carece de mãos laboriosas,  não era como constatação dolorida, não caçoava dos amigos, nem caso perdido em toda forma de legado fraterno.
Sentia ser necessário ir pelos veios da circunspecção e consagração mútua.
Caminho de cristalinidade era sua sapiência doravante, inibindo toda ventura de escárnio do semelhante com que ela convivia.



sábado, 19 de julho de 2025

Afinidades e Sintonias





(foto pessoal)

Era uma pequenina meiga e se encantava com a criação divina desde miudinha.
Cotidianamente, após a alvorada, saía da sua casinha campal a caminhar acompanhada de seu cachorro guardião.
Permanecia, a cadela, em sua casa protegendo os filhotes recém-nascidos.
Pelas veredas, contemplava o verde coberto de orvalho do céu.
As flores gotejavam delicadezas pelos jardins que exalavam um tênue aroma campestre.
A saída era reflexiva, terapêutica e a delicada menina tanto se sentia protegida pelo seu amigo fiel como sabia que ele a queria muito bem e, por isso, cuidava dela diariamente.
Ambos se beneficiavam de tal percurso matutino, oxigenavam o corpo e a  menina também sublimava sua alma.
Quer alguma coisa mais garbosa e profunda do que entregar-se de coração ao que mais lhe dava prazer com seu melhor amigo lado a lado?
Sentia ser importante para ele que, por sua vez, desfrutava do melhor da vida que é estar rente, cheia de afinidades e sintonias, com quem se ama.







sexta-feira, 18 de julho de 2025

Coisas Mínimas

 

(foto pessoal)

Coisas tão miúdas podem dar alegrias enormes.

Tem feito a experiência do botão de flor que idealiza esperanças.

Diariamente contempla marolas no mar, elas lhe enchem de contentamento em seus tons alvos contrastando com o amarelado da areia fina. Assemelham-se às rendas.

Pássaros lhe chamam a distinção, quer jornadeando ou caseira, na varanda, lhe remetem ao gracejo suave.

Bebês em fase de crescimento a conduzem ao ato delicado do cuidado amoroso.

Pouco com Deus é muito, ela tem plena consciência.



quarta-feira, 16 de julho de 2025

Toque Paternal


(foto pessoal)

Um serzinho indefeso nascia no interior de uma cidade pequenina e logo foi batizada.

Mãos poderosas a acolheram cá na Terra. Foi graças a elas que ela viveu, cresceu e ficou bem madura. 

Também devido a  um cordeiro, tão calmo e compassivo, que ela sobreviveu. Tinha medo, pelo seu temperamento medroso, não ousava desobedecer.

Ele a acompanhou nas vitórias, dizia-lhe emocionado: 

Muito obrigada, filha.

Pedia-lhe cheiros e lhe dava outro em retorno.

Dava um pequeno cascudinho na cabeça para ver se o coco estava maduro. Era alegre, seu bom humor fê-lo vencer grandes desafios.

Era tão, mas tão bondoso, que tinha o apelido de homem molenga, palerma pelos seus familiares, uns em tom de brincadeira, outros não.

O cordeiro foi envelhecendo, os papéis foram se invertendo, de cuidador precisou ser cuidado. 

Ele só fez o bem a muitos e, no final da vida, sua filha estava a seu lado, foi ela que lhe deu carinho e lhe agradeceu por tudo: 

-Vai com Deus, pai! Obrigada por TUDO.

Seus cheirinhos, como se fossem lambidas, ficaram inesquecíveis e sente muita saudade dos seus dengos, desde então, há exatos dezessete anos.





Saber Relativo

 


(foto pessoal - Anchieta ES)

Tinha conhecimento de inúmeras coisas, ao longo da sua existência, entretanto, não abocanhou todo saber, faltavam tantas outras coisas.

Nem se dava conta do tanto que aprendeu, se enriqueceu por inteiro, só um parco reconhecimento.

Consentia que um pouco apreendeu, pois havia certos momentos em que também aplicava seu potencial aos que tanto queria bem.

Tinha dificuldade em fazer o bem para quem não é agradecido. Por mais que fizesse, nada lhe convinha. 

De alguma coisa tinha aprendizado pleno, prosseguiria no bem ilimitadamente, dentro das suas remotas possibilidades.





terça-feira, 15 de julho de 2025

Castelo Encantado

 


(foto pessoal- Petrópolis- RJ)

Castelo nobre, lindo, encantado onde foi princesa muito amada na doce lembrança do romantismo gentil e a fez merecer ser acarinhada. 

Sonho tão exalado, tanto carinho,  ternura, encantos, deslumbramentos partilhados e, enamoradamente, sem egoísmo, foi muito mimada.

Castelos, palácios são os lugares  onde viveu um lindo amor, magicamente, e se transformam, deliciosamente, bom, altaneiro, real.

Nada de profano acontece, só livres quereres tiveram um terno valor, foi muito amor.

Com toque sutil, delicado, de flor, carinho desmedido no amor leal, transformou-se  a sua alcova em leito nupcial,  bem artesanal.

Tudo era lindo em tom magistral, majestosamente gostoso e atual. Simples, terno e deslumbrante. Mágico, intenso no rito triunfal.

Marcou demais  seu coração o precioso amor inaugural. 



segunda-feira, 14 de julho de 2025

Desnovelar

 


(foto pessoal)

Gostava de tecer, nas horas vagas, tinha como hobby, fazer seus crochês. Como não tinha gato, trabalhava sem que ninguém embolasse suas linhas.

Acontecia que, algum novelo, ao tirar o rótulo, vinha mais enrolado que linguiça de venda. 

Ela, com toda paciência, pois tecer era terapia para ela,  desenrolava e fazia outro novelo bem arranjado, pronto para pôr  mãos à  obra. 

Assim vivia seus dias na paz do seu lar.





Cerúleo Estiloso

  (foto do filho Praia da Costa ES) N um momento precioso de firmamento cerúleo, saiu a passear com boa disposição de aproveitar bem o dia....