A Paciência da Pescaria

 

(foto pessoal  Anchieta ES)

Na ornada à beira-mar, mira algumas belezas reunidas, ora é um punhado de concha, ora é novidade diária, sempre acarinha. Olha ao arrebol, estende o bom guarda-sol protege-se, sensatamente, dos raios solares com um bom filtro solar pelas irradiações escaldantes.

Permanecer em frente ao mar, na paz de espírito, é amar. Na paciência de pescador, saboreando um bom odor, azulando o coração, atenuando dores da alma.  Fisgar também requer muita generosidade e ânimo na vida, disposição de acalmar o íntimo, enfrentar a calmaria do oceano revolto do viver.

Desprende-se da agitação cotidiana, aprecia o belo, medita, contempla, sentir é sempre muito mais do que saber.

As garças esperam, pacientemente, sabem bem quem, no moroso pescar, complacência mede-se pelo intenso afeto ao mar e ao ofício.

Investe seu ser, delicadamente, na ação, todo nervosismo elimina, como é salutar a arte da pescaria.

Reflete, com carinho, no que almeja conquistar, um bom peixe, certamente, embora no sentido figurado, sente já o sabor da pacificação da sondagem feliz.

Junta seus pescados, tem serenidade, calmaria. Como é proveitoso atentar ao anzol do seu âmago.

Vez por outra, vai até a vara estendida, roda o molinete com suavidade, toda atenção desmedida é conveniente. À altura quem está ao seu lado também ama muito o pélago, divide a atenção à pesca e à admiração à sua serena alegria, ao amor do coração.

Em seu anzol, se fisgam alguns achados equivocados, riem e deixam ir. Como na vida, nem sempre se atiram o anzol com a certeza de alcançar seleto peixe bem pesado. Arrisca-se e se consegue, quando a maré está para tal, se há resignação e afeto ordenado.

Precisa-se estar antenado ao pélago e aos seus mistérios, sobretudo enquanto se lança a isca, percebe tudo que encontra pelo caminho, absolutamente tudo, Não deixa escapar nenhum detalhezinho. É preciso.

Ver os pescadores tanto com as arapucas como as redes ou os que têm seu porto no rio que no mar desemboca, querendo uma boa colheita do dia, é significativo demais.

Ela quer conquistar mais nirvana.