terça-feira, 1 de abril de 2025

Pétalas de Ternura

(foto pessoal)

Era uma curiosa sonhadora, adentrava donde via possibilidade de encontrar maravilhas na natureza.

Um belo dia, foi por um veio novo que nunca havia caminhado e se surpreendeu com tudo que contemplou fortuitamente.

Havia cogumelos coloridos, lindíssimos, num tom alegre, pintadinho de branco, até   se pareciam com joaninhas gigantes.

Ela, muito observadora aos detalhes do cenário, tinha cautela ao pisar na grama para fotografar.

Ia nas adjacências das árvores para não demover  as folhas ressecadas do Outono.

Uma vez atravessado o lugar tão esfuziante, sentou-se num banquinho e se recordou dos livros de historinha que seu padrinho lhe  presenteara aos oito aninhos.

Ora, já era bem crescidinha e os contos infantis não saiam do seu coração.

Um mar de ternura era o que havia acabado de ultrapassar.

Um bosque encantado, certamente. Mesmo que ninguém acreditasse, ela conseguia adentrar nos mistérios da floresta com gnomos, fadinhas e até casinha de anões.

Nada minimizava o sabor doce do mundo encantado que lhe permitiu viver até aqui sem esmorecer de ser o que almeja para si.


O Acaso Fomenta o Amor

 

(foto pessoal Praia das Virtudes Guarapari ES)

Vivia numa aldeia italiana bem bucólica, sem recursos, com parcos sinais de desenvolvimento.

Seu pai lhe havia deixado um comércio modesto donde tirava seu ganha-pão diário.

Sua família produzia embutidos muito saborosos, embora sem grande patrimônio a investir. Além do mais, o lucro não era favorável ao progresso do estabelecimento que era bem simples, com quitutes pendurados em varais por uma corda resistente que exalavam um odor típico do defumado bem curtido. Ficavam assim o dia até o poente cobrir o horizonte, quando descansavam até o seguinte alvorecer.

Tinha os fregueses contumazes, os clientes compravam para o consumo próprio, sem grandes vendas na tenda.

Pedia ao Pai do céu que a utilização e retorno aumentasse, fosse favorável ao sustento familiar, sobretudo pelos seu irmão ainda menor, sua mãe idosa que a deixavam preocupada.

Numa certa ocasião de céu contornado de poucas nuvens, apareceu um forasteiro. Num segundo pensou que fosse um estrangeiro ou alguém da capital.

Ele lhe pediu uma degustação dos produtos,

prontamente ela lhe ofertou, cortou um bocado de cada um, dando prioridade ao chouriço que era a especialidade da casa. De naco em naco, ele foi saboreando todos eles, percebeu o bom paladar de cada lasca.

Imaginava o culatello, guanciale linguiça húngara, mortadela bolonga, copa, cotechino, lombo maturado, de tão “gustoso” que tudo estava.

O freguês ficou admirado com a delícia ali produzida, sentindo, na mastigação, um excelente sabor e qualidade, como bom conhecedor dos frios italianos.

Ao fim de uma hora aproximadamente, ele se apresentou, fitando-a bem nos olhos e lhe dizendo para se apressar e embalar toda sua mercadoria do balcão.

Prontamente ela solicitou a ajuda do irmão para empacotar tudo no rolo de papel grosso apropriado para os alimentos. Lá se foi todo o material que daria para um mês aproximadamente.

Ficou ainda mais surpresa quando ele a remunerou em espécie. Era alegria demasiada num só dia, a Providência Divina sabia de todas as urgências da família.

Ele, na despedida, segurou a sua mão de um jeito que lhe deixou ruborizada, ardendo seu coração, sentindo, na pele delicada e macia de uma moça aldeã, algo inusitado.

Decorrido um mês, ele retornou à bodega, acompanhado de uma moça. Veio lhe fazer uma proposta com sua irmã. Feitas as apresentações de praxe, falou do seu desejo de fazer uma parceria com a família, uma espécie de sociedade com tudo legalizado bem correto nos negócios.

A moça não sabia como conter sua felicidade pelo retorno do moço que não cria mais rever, entretanto deveria consultar seu irmão e mãe. O que ele, prontamente, quis conversar também. Explicou que traria um advogado da cidade para validar o negócio.

Tudo correto, dois corações que só almejavam o bem um do outro.

Já percebiam, na ocasião, que estavam enamorados, não tardaria muito para levá-la ao altar numa belíssima cerimônia e se mudariam para Roma. Aconteceu tudo conforme idealizado pelo moço, deixando eles o comércio aos cuidados do irmão e cunhado, que ficara maior de idade, e outro empregado.

Vez por outra, vinham de viagem de férias por lá e seus olhos brilhavam tanto que encantavam o lugarejo. Eram felizes e seriam para sempre. O amor não morre num coração que ama verdadeiramente e quando nada desabona a parceria. Ele inventa motivos para um empurrão em qualquer tempo e circunstância.




Cerúleo Estiloso

  (foto do filho Praia da Costa ES) N um momento precioso de firmamento cerúleo, saiu a passear com boa disposição de aproveitar bem o dia....