Era uma moça bem prendada, uma jardineira fiel ao seu jardim, cultivava flores como se estivesse diante de meninos pequenos que precisavam de toda atenção e carinho.
Nem um bichinho de jardim ela desprezava.
Usava fertilizantes naturais para o bom desenvolvimento das plantinhas, ela deixava as lesmas, joaninhas, caracóis, borboletas, em paz.
Era bem consciente de que os vergéis necessitavam de paciência de chinês, ou seja, agia com se fosse ela mesma uma lerda, ia com calma, tirava folhinha por folhinha e deixava cada uma se desabrochar de acordo com seu ritmo, não se antecipava à ação da natureza tão bela e certeira.
Aprendera com a vida, passo a passo, que nem tudo que se quer se tem, ia com toda pacificidade, dia após dia.
- Para que pressa se todos temos garantido o infinito um dia, pensava ela.
É a única coisa certa que se tem, o mais é calmaria de Jó ou de tartaruga, quiçá, refletia ela.
O que a encantava mesmo era despertar e contemplar uma florzinha nova se abrindo em seu jardim. Não tinha preço para ela, dava uma sensação de esperança de dias melhores na selva de pedra onde a humanidade habita.
Cada elemento da natureza tem uma função, respeitava a cada um com complacência.