Era determinada como leoa, inquieta, não se submetia a enquadramentos de acomodação. Forçosamente foi assim desde sua tenra idade.
Abominou os padrões familiares leoninos ou de tigres, rechaçada, pisoteada por alguns, provedora dos seus rebentos, trabalhou como uma verdadeira fera para proteger e manter financeiramente seus filhotes
Por êxito, sua conexão com a Mãe Gaia, por ser uma indígena de alma, formou uma tessitura em sua aura de valentia que ignorava dentro de si, mas muitos e a vida lhe exigiam.
Não se fixando em seu potencial gigante, sua capacidade de superação, sofreu relacionamento abusivo de um feroz perverso e psicopata que lhe causou um grande transtorno psíquico e físico, um estrago emocional quase incurável. Não mais lembrava de suas garras afiadas em sua melhor idade, mas era vulnerável à injustiça de toda sorte. Acabava por se sentir inferiorizada em certas ocasiões.
Deixada de lado por ser dissemelhante a algumas mulheres da família, ferozes e dominadoras, sofreu julgamentos, lhe causavam uma enorme ferida em sua alma sensível. Como chagas vivas, lesões sangrando em seu coração, terminantemente pranteava sem motivo aparente em seu lar e sozinha.
Talvez não fosse empoderada o suficiente ainda, pois é trabalho intermitente ao longo da vida, a cada tempo que passava, sua juba ia se definhando, contrariando a herança genética que recebera.
O Espírito controlava suas ações, queria não reagir mais a quem lhe machucava como os antepassados, preferia reagir como gatinha, leoa não chora.
Teve que fugir literalmente do garanhão perverso, de carrascos espalhado no mundo e vivia só para seus filhos que eram o motivo dela ter vindo ao mundo. Não queria mais sofrer arranhões e golpes ferinos pois já tinham decepado sua alegria.
Quando se viu livre da jaula que lhe amputaram, criou sua própria proteção, afinal, tigres espertos reinam na selva de pedra.
Apesar de ter uma índole tribal, preferia, por necessidade de cura e proteção, viver mais isolada.
Perambulava de selva e floresta, procurava outras tribos mais pacificadas, tentava viver integrada. Trilhas mais sensatas foram lhe ajudando ao longo da jornada. Fugia de não ser subjugada até pela sua própria condição genesíaca. Era delicada, ainda que muito intensa. Superava opressões do reino animal familiar, embora se sentisse vulnerável, não se conscientizava do seu latente potencial, o que, não obstante, lhe causava algum sofrimento pessoal.
Um dia, encontrou um ser sensível e foram muito felizes até uma Pandemia.
Felinos perversos andam soltos na natureza, predadores da felicidade atuam liberalmente na sociedade. Todo cuidado era pouco.
Não tinha experimentado viver numa família de cordeiros, cujo temperamento não fosse um obstáculo para a harmonia geral.
Pensava: - Até quando?
Nem ela sabia o tempo que poderia levar para se recuperar de tanta tristeza e poder andar mais serena depois de se superar totalmente de todos os golpes sofridos no passado. Permanecer tranquila em seu novo habitat levaria tempo, precisava ser uma Simba domada e fiel à sua condição.
Tigres são animais enganosos, não perdoam, até chegam ao patamar da crueldade.
Atualmente, só almejava ser uma domesticada leonina que lambe suas crias e é feliz.