Amanheceu uma manhã fresca, serena, quebrava o silêncio do condomínio, da avenida, da orla pouco movimentada. Ela era pioneira a acompanhar a solidão do mar, a ouvir o canto dos pássaros, a contemplar as flores pelos jardins e a sentir seus odores.
Pela manhãzinha, havia sentido um sabor apetitoso na xícara de café que havia sorvido.
O sol ainda estava esmorecido, os raios solares lhe faziam carícias abafadiças.
Seu coração crédulo, sem malícia ou astúcia, primava pela simplicidade. Tinha imaginação romântica, alma pura.
Naquele dia, abriu seu roupeiro e escolheu uma bermuda azul celeste com flores bordadas nos bolsos. Queria se sentir bela, afugentar toda dor do seu coração. Uma simplória peça do seu vestuário ia vesti-la perfumadamente.
Caminhou lentamente e fez uma pausa aleatória na Praia dos Namorados.
Ouviu uma voz... virou-se descrente.
Seria fruto de sua fértil imaginação?
Ou saudade dilacerante?
Olhou, discretamente, para um ângulo... para o outro...
Não havia ser humano ao redor.
Repentinamente, um perfume almíscar assenhorou-se do seu olfato.
Tinha consciência plena de quem estava a seu lado.
Uma lágrima rolou em sua face.
Olhou para baixo dissimulando por se chegasse alguém e se preocupasse ao percebê-la em lágrimas.
Percebeu uma flor em cima de um banco no calçadão. Era vermelha, uma rosa.
Teve então a confirmação que precisava.
Sentiu que as florezinhas do seu short, pela manhã escolhido, foi um mote para o que haveria de sentir mais tarde.
Só mesmo vivenciar.
Impossível ser divergente.
- Não é que a Semana começara mesmo Santa? refletiu e prosseguiu seu percurso com o melhor que poderia alegrar seu destino doravante: a terna lembrança de um extinto passado feliz.
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