Um certo casal enamorado dava cobiça aos que o circundavam.
Tinha uma cumplicidade ofegante, em tudo conciliava.
A maior era os momentos descontraídos em que podia deambular pela Praia dos Namorados.
Ambos preenchiam seus dias bem produtivamente, não se desviavam de seus comprometimentos diários.
Nada era munição para darem desculpas aos impulsos dos dois corações amorosos, parceiros que eram. Em alguns períodos do dia, se encontravam, por alguma razão, sempre davam um jeito.
Por sua vez, ela era toda afeição para com seu amado.
Passeavam, calmamente, pela areia da orla e até trajados inapropriadamente, pois tinham que dar crédito à ocasião que oportunizavam ser a ideal, seja como estivessem, se encontravam, num momento fugidio que conquistavam.
Acontecia algo inusitado quando se assumiram como casal à beira-mar, era tanta turbação que ficavam muito tempo silenciosos, só se abraçando, com carinhos meigos.
Experimentavam pura ternura a dois. Até o cãozinho dela se calava comovido. O mar se recolhia calmo. Tudo tomava ar orvalhado ante o amor compactuado na incondicionalidade. O silêncio do coração só era interrompido para as despedidas, num até breve que o coração não desejava, mas era necessário.
Prodigioso amor que os imbuía de espírito de aconchego pródigo. Como almas gêmeas onde um adivinhava os sentimentos do outro com uma perspicácia que só o afeto benfazejo pode gerar nos corações que se querem bem.
Um dia, na mesma praia, nunca mais os viram passear por lá.
Foi-se para sempre após um incidente, não sem antes lhe dizer em baixo tom ao ouvido, como que sussurrando:
-Cuida-te, querida!
Não tinha impulso para falar mais um A.
No que lhe concerne, ela não podia sequer mais passar por lá na praia em que eles passeavam tanto, os seus olhos se debulhavam em lágrimas que se mesclavam ao mar, formando poças de amor azul.
Nenhum comentário:
Postar um comentário