Cerúleo Estiloso

 

(foto do filho Praia da Costa ES)

Num momento precioso de firmamento cerúleo, saiu a passear com boa disposição de aproveitar bem o dia.

Apetecia-lhe estar  em lugar fresco, arejado, bem arborizado, com degustações apetitosas e muito amor partilhado.

Entre cardápios variados, escolhia, individualmente, o que mais cada um se identificava. Houve o petisco em comum que foi a tilápia numa certa altura do lazer.

Ao todo, esteve visitando e parando para degustar algo em quatro lugares diferentes. Um lanche aqui, um café acolá, um almoço em outra parte.

Estava precisando sair de um longo período de exames e cirurgia para animar à descida da montanha do seu viver, mais consolada.

Férias dos meninos em alto estilo com ela, durante uns dias.

Temporada Veranesca

(foto pessoal Praia da Areia Preta Guarapari ES)

Adora perambular pela praia. 

Antigamente, em toda temporada, ela viajava para experimentar a vida que pede uma vez que se aposente.

O mar com suas belezas azuis esverdeadas, coloridos de mil cores.

Os parques aquáticos onde as crianças se divertem muito eram visitados.

Os vergéis com suas flores multicolores belíssimas sempre lhe extasiaram.

As cafeterias mais discretas onde pode relaxar com as amigas num bom chá gelado ou capuccino mineiro de acordo com o clima da vez são frequentadas por ela com alegria. 

Sabia, de antemão, que nem precisava esperar se aposentar, fazia com que as pausas fossem frequentes, bem preparadas no dia a dia, com relax ouvindo uma boa música, lendo um bom livro inspirador, tomando um cafezinho com calma em casa mesmo, preparando uma sobremesa gostosa ou fazendo uma comidinha fitness.

Pausar a vida não é perder tempo.

Já se foi o tempo  que, enquanto se descansava, se carregava pedra ou que não se deixava para amanhã o que se pudesse fazer hoje.

Inutilidades no Planeta

(foto pessoal Praia da Costa ES)

Gostava muito de andarilhar pela orla da linda praia onde morava há alguns anos.

Quando pode ter o mar na proximidade,  quis logo aproveitar tudo  que podia. 

Via o pessoal carregando tralhas de um lado para o outro. 

Cheios de apetrechos, ocupavam a areia e, no final da estadia, tinham que carregar de volta todos os trastes.

Será que se davam conta das inutilidades do que levavam?

Raciocinavam sobre o lixo que abandonavam para trás?

Que absurdo!

Praia é  para contemplar,  mergulhar para quem gosta, sabe nadar e saborear o cenário azulado perfeito aos seus olhos utópicos.

De inutilidades,  o mundo anda abarrotado. Refletia sobre a perigosa situação climática do Planeta pelo descuido dos cidadãos com a natureza. 

Felicidade

 

(foto pessoal Praia dos Namorados Guarapari ES)

Almejava o tal estado de ânimo feliz, olhava para dentro do seu âmago.

Havia descoberto um segredo sobre como ser realizada solitariamente.

Quem a acompanhava, ocasionalmente, era um acréscimo especial em seus dias.

Com as festas de final de ano, a alegria interior afervorava.

Família reunida era felicidade infinita. Nada mais ela ambicionava.

Só agradecia ao Sagrado por permanecer viva.

Criança Esperança

(foto pessoal - São João de Meriti- RJ)

Não fosse seu Senhor lhe doar três crianças em etapas diferentes, sua vida teria sido triste.

Elas alegraram seu viver. Velar por elas foi uma missão muito linda, mesmo com toda dificuldade emocional pelos familiares manipuladores. Numa fase, meus filhos não tinham mais pai, mas eles se esqueciam que tinham mãe responsável e independente.

A Deus lhe aprouve contentá-la, dando a rica experiência de vê-los avolumar.

Posteriormente, outros infantes foram brotando em seu jardim, mais quatro.

Como Deus foi Boníssimo para ela!

Ele lhe rendeu crianças para zelar a fim de ter um objetivo na vida.

É muito grata ao Criador por ter lhe concedido a honra de ser mãe de três e avó de quatro.

Pequenos são o germe do viver, sem elas, a sobremesa da vida fica desandada.

Tornar-se-ia egoísta, buscando só a felicidade individual e a dos outros não lhe importaria.

Com elas às imediações, poliu-se na arte de  conviver e de ser fraterna verdadeiramente.

Oxalá "cresça" junto com elas!

Os meninos lhe dão um aumento exponencial de Esperança.

Desígnios Refeitos

(foto pessoal)

Mergulha no seu interior, uma imersão em sua alma.

Sonhos desfeitos, desígnios refeitos.

Águas mais profundas, avança ela, sem soçobrar, livre na derrocada interno.

Com palmas, teço laços de ternura, paulatinamente envolta, no mundo da hidrosfera.

Confiantemente, concebe doce quimera, enlaça, num abraço, seu mundo azul, açucarado, terno.

Imenso desejo de navegar, forte sentimento como aço envolve-a no ardor grandioso de amar.

Longe, apartada numa aventura extasiante, digna do mais nobre rei e rainha submergindo na maviosa ladainha do amor tramado e deslumbrante.

Vai-se! O medo foi lançado à água escaldante, o dono do mar lavou seu ser, a maldição não tem mais, sobre ela, poder.

O mundo mágico do hidro a deixa extasiada, desde o começo. É conduzida ao mais profundo dela num bonançoso desafogar da alma bulicosa e sonhadora onde esteve desolada, mas recuperada pela fidelidade do Criador que nunca lhe faltou.

Viver Docemente

 

(foto pessoal)

Sabia que as dezenas de anos estavam se acumulando dia após dia e não lhes causavam  estranhamento algum.

Não fossem alguns contratempos típicos da idade, nada as tirava do sério  em alguns momentos. 

Ambas tinham filhos distantes, cada qual com suas famílias constituídas. 

Visitavam ou eram visitadas por eles e seus netos. 

Tudo era normal como boas vizinhas do mesmo edifício. Não incomodavam uma a outra, partilhavam quitutes, tomavam cafezinho juntas em alguns  dias, iam ao médico  e ainda passeavam para espantar males próprios dos anos idos, após consultas e exames que se acumulavam. Uma dava força à outra.

Estranhamento para elas era ver pessoas se digladiando por nada, gente sem noção  reclamando de tudo (inclusive do calor  ou do frio) sem aproveitar os últimos anos da vida.

Como estranhar a cordialidade, a amizade,  a boa convivência da vizinhança? Jamais! Aliás, eram ambas viúvas e os demais dois vizinhos do andar eram casal de também idosos, mas eram pares. 

Estranhamento sem noção é a falta de amor ao próximo.